Fonte: http://historiahoje.com/?p=3808
Na terça-feira, 22 de maio de 1877, alguém bateu à porta do apartamento de Victor Hugo, em Paris, sem ter sido anunciado. O consagrado escritor abriu a porta , e se espantou: um senhor alto, de barbas brancas, vestindo casaca e cartola o encarava. Era o imperador Pedro II do Brasil, em sua segunda viagem internacional. Surpreso com a visita inesperada, Hugo, um feroz republicano, convidou o monarca a entrar. Na sala, os dois travaram uma conversa franca e amigável, entre leitor e escritor, que selaria a amizade entre aqueles dois homens de universos tão distantes.
Este episódio e muitos outros fazem parte do livro A História do Brasil nas Ruas de Paris (480 páginas), lançado nesta quarta-feira pela editora LeYa/Casa da Palavra. Escrito pelo jornalista, Maurício Torres Assumpção, o livro narra a saga dos brasileiros que deixaram o seu legado em Paris – seja um legado concreto, literalmente, como o de Oscar Niemeyer; ou contribuições para o desenvolvimento da ciência e tecnologia, como o fizeram D. Pedro II e Alberto Santos-Dumont. Ou, ainda, uma melodia no coração dos parisienses, cortesia de Heitor Villa-Lobos. Celebrada em placas, monumentos e nomes de ruas, espalhados por toda a cidade, esta presença brasileira é revelada pelo livro em toda a sua dimensão humana.
“Quando cheguei em Paris, em 2008, fui morar na Place du Colonel Fabien, onde está a sede do Partido Comunista Francês projetada por Niemeyer”, conta o autor. “Depois, encontrei, por acaso, a Capela da Humanidade fundada pelo positivista brasileiro Raimundo Teixeira Mendes, no sofisticado bairro do Marais. Aos poucos me dei conta de que havia um imenso legado brasileiro em Paris, que poderia render um guia de curiosidades para os turistas brasileiros. Mal sabia eu que o modesto guia tomaria três anos da minha vida, transformando-se num livro de história de 500 páginas!”.
Com uma pesquisa que cobre 200 anos, Assumpção explica o contexto histórico que levou esses brasileiros a Paris, o que eles realizaram na cidade, com quem se relacionaram e que impacto tiveram sobre seus pares e a sociedade francesa da sua época. Como um guia de viagem, o texto passeia pelas ruas da cidade, visitando 170 endereços: a mansão alugada pelo ex-imperador Pedro I; o gramado onde Santos-Dumont decolou com o 14-bis; o apartamento onde Tarsila do Amaral recebia Jean Cocteau; a sala de música onde Villa-Lobos fez a cidade tremer. Tudo revelado com uma prosa leve e bem humorada, sem perder de vista as balizas imprescindíveis da história oficial.
A História do Brasil nas Ruas de Paris. 480 páginas, editora LeYa/Casa da Palavra.
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